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SÉRIE HISTÓRICA: Relembrando histórias de vidas em Canavieira

De volta infância

Redação
Por: Redação Fonte: Vanilson Medeiros
21/02/2025 às 14h19 Atualizada em 27/02/2025 às 22h56
SÉRIE HISTÓRICA: Relembrando histórias de vidas em Canavieira
Ilustração Vanilson Medeiros

O conceito de qualidade de vida é amplo e interliga diversas abordagens e problemáticas. Podemos analisá-lo sob três perspectivas principais. A primeira refere-se à distinção entre os aspectos materiais e imateriais da qualidade de vida. Os aspectos materiais dizem respeito às necessidades humanas básicas, como condições de habitação, abastecimento de água e sistema de saúde, ou seja, elementos de ordem essencialmente física e infraestrutura. Historicamente, para sociedades menos desenvolvidas, essas questões materiais eram decisivas e altamente prioritárias. No entanto, atualmente, as questões imateriais, como ambiente, patrimônio cultural e bem-estar, ganharam grande relevância.

A segunda perspectiva distingue os aspectos individuais dos coletivos. As condições econômicas, pessoais e familiares dos indivíduos, assim como suas relações interpessoais, integram as componentes individuais da qualidade de vida. Já os aspectos coletivos estão diretamente ligados aos serviços públicos e à infraestrutura básica oferecida à população.

Esses conceitos são apresentados para criar um paralelo com a história que segue, composta por fatos e vivências de um povo "quase" antigo, curiosidades sobre nossa cidade. Com meus poucos anos de vida, posso afirmar que já vi e vivi muitas coisas interessantes. Quando menino, já possuía meus 100 bois, 200 vacas e 150 bezerros, todos feitos de jatobá, com pernas de madeira. Minhas carroças eram de talo de buriti, e meus carros, de lata. Era um mundo inocente, onde embalagens de gordura de cozinha se transformavam em lindos carrinhos.

Naquele tempo, reclamar da falta de frutas na alimentação era impensável. Bastava sair de casa para encontrar um autêntico banquete natural: araçá, Maria-preta, juá, oiti, gobiraba, criolí, murici, mutamba, entre outras delícias que se espalhavam pelas matas. Hoje, ao mencionar esses nomes, muitos jovens podem acreditar que estão sendo xingados!

Como tudo na vida, há o lado bom e o lado ruim. As dificuldades financeiras testavam o orgulho das pessoas. Lembro-me de uma época em que, para comprar café, o dono da quitanda tinha que dividir uma embalagem de 250 gramas em diversas partes, pois poucos podiam comprá-la inteira. No comércio de carne, o pobre do açougueiro pesava um boi quase inteiro em pequenas porções de gramas. Somente os mais favorecidos compravam quantidades entre 2 a 3 quilos, enquanto a maioria adquiria 100, 200, 300 ou, no máximo, 500 gramas, transportadas em uma palha de carnaúba, pendurada no dedo do comprador.

Diante de tais fatos, podemos afirmar que a qualidade de vida das pessoas mudou significativamente. No mundo globalizado, a evolução ocorre de forma rápida. Quanto ao passado, resta-nos apenas a saudade e as lembranças que carregamos com carinho.

 

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